quarta-feira, 27 de julho de 2011
SER MAGRA OU SER GORDA?
Um dia você acorda e põe aquela calça jeans que você não colacava há alguns dias - e por alguma razão ela não te serve.
Ou, um dia você revela uma fotografia sua e leva um susto: “Quem é essa pessoa gordinha que está na foto? Eu não posso acreditar que seja eu! Eu não sou assim!”
Você passa, então, a se esconder. Se esconder das outras pessoas e se esconder de si própria. Sim, você põe aquela blusa mais folgada, compra uma calça 42/44 de lycra escura, se olha no espelho encolhe a barriga. E quase acredita que você é uma pessoa normal, uma pessoa que não está acima do peso. Não que seja anormal ser acima do peso, mas não é o que a sociedade espera de você.
E você diz: “Não, eu não me importo com esses padrões impostos pela mídia, eu sou linda assim. Eu nem sou muito gorda.” - e encolhe a barriga ao dizer isso.
E um dia você vê uma foto sua, sem ter feito pose. Sem a barriga encolhida e você percebe que provavelmente você não lembra de encolher a barriga o tempo todo. E você nota que as pessoas, estão vendo que você não está magra.
E você passa a culpar os “2 kilinhos a mais” por tudo na sua vida. Se você é estudante, culpa o seu peso por você ser a última a ser escolhida para o time das meninas. Se você está desempregada, você culpa o excesso de peso por não ser chamada após as entrevistas. Se você é solteira, culpa o sobrepeso por estar “encalhada”. Sim, as suas amigas magras e “loiras”, estão namorando, estão se casando. E você, você está encalhada. E você, pensa quem vai dar bola para uma gorda. E aí, você chora, você come um tablete de chocolate, você devora a geladeia inteira, você não dorme à noite e você passa a ter pena de si mesma.
Aí, um dia você resolve começar aquele regime na segunda-feira: dieta da sopa, dieta da usp, dieta da lua e etc. E o regime não chega nem na sexta-feira. Um dia você resolve caminhar, mas desiste antes mesmo de trocar de roupa e colocar o tênis.
E pensa: “Magra? Quem se importa em ser magra? Isso é besteira.”
Mas antes fosse assim, antes você pensasse assim e conseguisse ser feliz, se aceitar e se perdoar por ser “gordinha.”
Um dia você percebe que quem impede a sua felicidade é você mesma, é o seu complexo. As pessoas talvez não sejam tão más, tão metidas, tão inquisidoras. ´É você que se fecha e as desencoraja a chegar perto de você.
Aí você resolve ir no cabelereiro, comprar roupas novas, mas ainda falta alguma coisa. Sim, falta o seu corpo. Você finalmente, admite que você se importa sim com uma boa forma. Você resolve dar o braço a torcer para as magras. E admite: “Sim, eu quero ser magra! Sim, para mim isso não é bobagem. Eu realmente me importo com a aparência. Dane-se esse discurso que o que importa é a beleza interior. Isso pode ser verdade, mas eu não sou feliz assim. Até por que eu tenho tanto medo de ser rejeitada que eu nem mostro mesmo a minha beleza interna.”
Então, agora que você está resolvida. Agora vai!!!
Você escolhe uma dieta, você escolhe alguns exercícios. Ou então, você vai ao médico, a nutricionista (você já viu “o nutricionista?”, eu ainda não…). Você vai ao supermercado compra coisas light, compra roupas de ginástica, passa a ficar vidrada por balança. Você não pode ver uma que você já sobe em cima. De tanto subir, vc emagrece 1 kg só desse “step”, mas subir tanto na balança não é bom. Cada dia dá um peso diferente e você fica piradinha com isso. Mas você, não desiste.
Você tropeça, você cai, você enfia o pé na jaca, mas você não desiste. Está sempre disposta a começar de novo.
E finalmente, depois de alguns meses de piração total, você um dia vê uma foto sua e você pensa: “Quem é essa moça magra na foto? Será que tiraram foto da pessoa errada? Não pode ser, essa pessoa se parece comigo, mas esse corpo não é meu!”
E você sente uma enorme dificuldade em associar a sua nova imagem, com a imagem antiga que você tinha de si mesma. Você olha para baixo e enxerga uma pessoa enorme. Você se olha de lado no espelho e vê uma pessoa magra. Você se olha refletida num automóvel e se vê disforme, toda redonda e pensa: “Essa sim, sou eu.” Depois, você passa ao lado de uma vitrine e vê um reflexo magro e pensa: “Essa não sou eu.”
Um dia você vai àquela loja baratinha, onde não tem provador e compra tudo G. Aí você chega em casa e vê que tudo ficou largo. E você não entende. Você não sabe mais que tamanho de roupa você usa. Então, você resolve ir numa loja mais cara “só para experimentar as roupas”, e você cabe em roupa M, cabe até em algumas P. Aquela calça 38 te serve, não todas as 38, mas algumas delas. A calça 40 fica larga. E você não entende bem: “Será que eu uso 39?”
E você acaba comprando todas as roupas, até se endivida, mas você pensa: “Vale a pena! Usar uma calça 38, vale a pena!”
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E você vai ao cabelereiro de novo, ou faz em casa mesmo, e se sente toda poderosa. E você veste a calça 38, a blusa P ou M (depende do modelo) e sai na rua. E parece que você está andando em câmera lenta. Você se sente a Gisele Bundchen, seu cabelo até balança ao vento. E você escuta: “Fiu, fiu.” E você sente vergonha, nem gosta muito, mas pelo menos é melhor do que passar desapercebida ou ser ponto de referência: “Você tá vendo aquela gorda ali? Você vira lá na esquina em que ela está.”
É a sociedade é preconceituosa sim, é cruel ás vezes. Mas você era muito mais cruel consigo mesma, porque você se importava com isso. Você deixava que as pessoas a chamassem de gorda. Você se deixava ser gorda. Você se fechava por isso. Talvez as pessoas nem fossem preconceituosas, mas elas percebiam que o seu ponto fraco era esse e apelavam para isso quando queriam te ferir.
Você não permitia que o príncipe encantado a despertasse do sono profundo em que se encontrava. Era você que não queria acordar, era você que se bloqueava, era você que impedia a sua felicidade.
Mas o importante é que você está encontrando o seu caminho. E você não quer mais andar para trás. Talvez você não esteja acostumada a comprar roupas menores, talvez você ainda não se enxergue mais magra. Mas o importante é que você começou a mudança. E começar, já é a metade de todas as ações.
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