domingo, 4 de maio de 2014

Sobre os gordos.


Muito se fala de preconceito, de como a sociedade é injusta,
do quanto a busca pelo “corpo perfeito” acaba por gerar repulsa
ou mesmo ódio contra os que são mais bem fornidos de gordura corporal,
aqueles que preconceituosamente a sociedade tenta rotular
com um eufemismo bisonho: “portador de sobrepeso”.

Para começo de conversa, o gordo é o cara que seria o último
a arranjar uma namorada (ou um namorado).
Todo mundo só quer saber de homens jovens, com barriga de tanquinho,
brancos mas queimados de sol (se a pele for toda escura, sem marca de sunga, já era),
peitorais definidos, bíceps desenvolvidos e pinto grande.

Mas essa não é a única manifestação do preconceito contra os gordos:
ninguém nunca quer sentar ao seu lado no ônibus (o que, confesso, até considero
uma vantagem, na maior parte das vezes); ninguém quer ficar perto dele
na fila do serve-serve (desde que ouvi este aportuguesamento
de “self service” nunca mais consegui deixar de usá-lo);
seus colegas de trabalho não querem ir almoçar “com a baleia”;
não se encontram roupas prontas, pois a indústria acha que só
os magérrimos têm dinheiro para se vestir.




Além disso, as pessoas não respeitam, sequer cogitam,
a possibilidade de o gordo ser feliz assim.
De cada cinco palavras que dizem, quatro são “você tem que emagrecer”
e outras cobranças do tipo. Acham que todo gordo é cardíaco
e que vai perder as duas pernas numa trombose.

E, claro, dificilmente um gordo ganha carona.
As pessoas têm medo que levando um gordo de carona,
a suspensão do lado direito vai precisar de reforço.

E para gordo também é difícil arranjar emprego, pois as empresas não
querem correr o risco de ter de reforçar algumas cadeiras
para que suportem o peso de um funcionário fora do padrão.
Não importa muito a competência, pois a obesidade pesa mais — sem trocadilhos.


A questão central, na verdade, é que preconceito todo mundo sofre.
Resta a cada um saber lidar com isso, e saber que é o único responsável
pelo seu próprio corpo. Quem está com excesso de peso
normalmente sabe o que fazer para emagrecer, mas precisa escolher fazer isso.

Se não o fizer, precisa ter noção de que — ainda assim — está fazendo uma escolha.
Temos que levantar mais essa bandeira e mostrar
as pessoas que resolvemos emagrecer
não pelo preconceito mas por uma decisão pessoal.

As pessoas precisam parar de dizer que os gordos precisam emagrecer.


FONTE: percapeso-ganhefelicidade.

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