Segundo Bernardo Quartin, os que buscam incessantemente o melhor “spot” podem ser chamados “gipsy surfers”: “Andam de um lado para o outro, à procura da melhor onda, sem nada, com uma tendazinha, e só querem fazer surf com as melhores ondas, enquanto há outros que ficam ao pé de casa a apanhar o que podem”.
A “sensação única” do “deslize na onda” explica a paixão pelo surf, segundo o treinador da modalidade Rodrigo Sousa, o qual reconhece que a opção por integrar uma “tribo” só é viável para “free surfers”, porque “quem quer competir tem de encarar o desporto de uma forma muito mais séria”.
Das coisas que mais agarram a este desporto é que todos os dias é diferente - as ondas são diferentes e as condições mudam a toda a hora”, frisou o técnico do Guincho, enquanto assistia ao Rip Curl Pro Search, em Peniche.
Opinião semelhante tem Frederico Morais, que, aos 17 anos, já garantiu a presença no Circuito Mundial de juniores da ASP, na próxima época.
É uma sensação única. O que eu gosto é de estar dentro de água. Parece que me abstraio de tudo e só quem experimenta é que pode saber”, frisou o surfista, também conhecido por “Kikas”, num “mito” que acaba por ser quebrado pela competição.
Já fomos mais tribo do que somos agora. Agora é um desporto mais abrangente, que está muito mais ligado a todos os outros desportos, e não há um estereótipo de surfista, mas vários estereótipos. Agora, a expressão ‘only a surfer knows the feeling’ [só o surfista conhece a sensação], como nos outros desportos, faz de nós uma tribo, porque quem não faz surf não sabe o que nós sentimos”, admitiu Pedro Monteiro.
Como exemplo das várias “tribos”, o proprietário da Surf Academia, em Carcavelos, também conhecido como “Pecas”, aponta os “roots”, que vão “para qualquer sítio, comem qualquer coisa, fazem uma fogueirinha e são ambientalistas”, e os “megalómanos”, que “vão para um ‘resort’ de luxo”.
“Eu acordo, vejo a previsão, onde estão as melhores ondas e vou atrás delas. Faço isso todos os dias”, admitiu o brasileiro Eduardo Fernandes, exemplificando um dos “hábitos” da “tribo”.
Já Teresa Abraço, que se sagrou campeã nacional de surf em 1996 e da Europa por equipas no ano seguinte, recordou o seu ritual de iniciação na modalidade, com “um colchão pneumático” que serviu para alimentar “um vício que nunca mais pára”.
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