Essas e outras inúmeras perguntas passavam diariamente no escritório do médico obstetra Domingo Mantelli Borges Filho. As dúvidas das mulheres que queriam engravidar e das que já estavam em período de gestação eram tantas, e de assuntos tão diversos, que o obstetra resolveu escrever o livro "Gestação – Mitos e verdades sob o olhar de um obstetra".
"Percebia as dúvidas das mulheres no meu consultório e quase sempre se repetiam, eram corriqueiras e, principalmente, as crenças populares. Eram sempre as mesmas e, muitas vezes, até mudavam o comportamento e as ações das mulheres grávidas. Escrever este livro foi uma maneira que encontrei de informar a gestante. Ao ler o livro ela pode tirar dúvidas e esclarecer muita coisa", conta Domingos.
Segundo o médico, os mitos/verdades mais recorrentes nos consultórios são os que envolvem a beleza física da gestante. "Se pode pintar ou não o cabelo, quais cremes e produtos de beleza podem usar, além, claro, sobre a alimentação. A ingestão de bebida alcoólica ou de alimentos crus são algumas das dúvidas mais frequentes", ressalta o obstetra.
Uma dica aos casais que pretendem engravidar é que devem passar por uma avaliação do ginecologista antes da concepção. "É importante que o casal seja avaliado pelo ginecologista se há o objetivo de engravidar. Há vários exames que devem ser feitos por ambos para que, se for detectada qualquer alteração ou doença, esta possa ser tratada antes da gestação", recomenda o médico.
VERDADE. O estresse e a expectativa de uma gravidez que não está ocorrendo fazem muito mal ao casal. Cobranças sutis ou ostensivas, principalmente por parte de mães ou sogras, só aumentam ainda mais o estresse. A maternidade não tem que ser uma obrigação, e sim um prazer.
Os hormônios liberados em consequência do estresse podem alterar o equilíbrio do organismo e mudar drasticamente o pH vaginal, dificultando ainda mais uma gestação nesses casos. Muitos casais apresentam todos os exames com taxas normais e não conseguem engravidar por causa de alterações psicossomáticas. O ideal é o casal conversar com o médico sobre possíveis problemas psicológicos que possam estar dificultando a gravidez.
MITO. A quantidade de espermatozoides diminui com a frequência das ejaculações, portanto, é preciso encontrar um equilíbrio. Normalmente, aconselha-se que, na semana que precede a ovulação, o casal que quer engravidar tenha relações sexuais dia sim, dia não. Desde que o dia sim caia na metade do ciclo menstrual da mulher.
Dessa maneira, os espermatozoides têm mais tempo para serem repostos e as ejaculações terão maior número deles, o que facilita a fecundação. Portanto, para que haja concepção, não adianta o homem ter cinco, seis relações sexuais num único dia. Isso porque na quinta ou sexta relação quase não haverá mais espermatozoides no conteúdo ejaculado
MITO. O contato íntimo entre o casal está sempre liberado a menos que o médico prescreva formalmente a abstenção sexual. Levar uma vida afetiva normal ajuda a relaxar e esse é o primeiro passo para a conquista do sonho da gravidez.
VERDADE. As dificuldades ovulatórias são responsáveis por cerca de 25% de todos os casos de infertilidade feminina. Se o ciclo da mulher é irregular, ela não sabe quando está ovulando. Portanto, não tem como precisar qual é seu período fértil para programar as relações sexuais e, assim, facilitar a concepção.
O melhor a fazer é procurar o ginecologista para que este investigue as causas dessa irregularidade no ciclo menstrual e posso corrigi-las. A partir do momento em que o ciclo volta a ser regular, a mulher consegue saber qual é o dia de sua ovulação e programar a concepção com mais precisão.
MITO. A doença não impede, mas pode dificultar. Cerca de 50% das mulheres que têm endometriose apresentam infertilidade. Também é fundamental entender a diferença entre infertilidade e esterilidade: uma mulher estéril não pode engravidar. Já uma mulher infértil tem dificuldades para engravidar.
VERDADE. A mulher está geneticamente programada para, ao longo da vida, ir perdendo a fertilidade até a culminância da falência ovariana completa, a chamada menopausa, que marca o fim da sua vida reprodutiva. Os óvulos envelhecem com o passar do tempo. Por isso, quanto mais velha a mulher for, menores as chances dela engravidar
MITO. A quantidade de tempo que a mulher tomou anticoncepcional não influi em sua fertilidade. Ela pode engravidar logo após a suspensão do uso. O que acontece é que algumas mulheres que usaram anticoncepcional por muito tempo, às vezes, ficam com os hormônios da pílula impregnados nas células de gordura. Nesses casos, mesmo com a interrupção do uso, os efeitos do contraceptivo continuam no organismo por algum tempo. Por isso, os médicos consideram normal o período de até 1 ano de tentativas para engravidar após a suspensão do uso.
VERDADE. Em geral, esses medicamentos usados para emagrecer contêm anorexígenos, substâncias que suprimem ou diminuem a fome, e que são bastante prejudiciais ao bebê em formação. Portanto, a mulher que deseja engravidar deve suspender o uso antes de tentar engravidar. Se a mulher, por acaso, estiver tomando esses remédios e ficar sabendo da gestação, deve parar imediatamente e comunicar o fato ao seu médico.
MITO. Não se deve engravidar logo depois de ter tido um abortoespontâneo. O ideal é esperar cerca de 90 dias para tentar engravidar novamente. Isso porque, nesse período, o útero e o endométrio terão tempo e condições de se refazer para receber uma nova gestação. Dessa forma, o embrião poderá se fixar adequadamente, evitando a possibilidade de um outro aborto. Se a mulher engravidar logo após um aborto espontâneo, suas chances de spassar pela mesma situação de perda do bebê são maiores.
MITO. As substâncias presentes nas bebidas alcoólicas, em qualquer uma delas, podem causar malformação fetal, aumentar o risco de trabalho de parto prematuro, provocar descolamento prematuro de placenta, entre outras consequências gravíssimas que podem até levar ao óbito fetal. Por isso, a ingestão de álcool durante a gestação, mesmo que seja uma única taça de vinho ou um copo de cerveja, é totalmente contraindicada e deve ser evitada ao longo de toda a gestação e no período de amamentação.
Se uma dose pequena de bebida alcoólica pode causar problemas sérios a uma pessoa de 60, 70 kg, imagine essa mesma quantidade passando pela barreira placentária e chegando ao bebê, que pesa somente alguns gramas ou poucos quilos? Não se deve dar ouvidos a amigas que afirmam ter ingerido bebida alcoólica durante a gestação sem ter causado problemas ao bebê.
VERDADE. É totalmente contraindicado fazer tinturas capilares no primeiro trimestre de gestação, sejam tinturas, tonalizações, luzes, reflexos etc. As substâncias presentes nos produtos podem ser absorvidas pelo couro cabeludo da mamãe e ocasionar problemas ao bebê. Pode haver consequências graves para ele no uso de substâncias como metais pesados, conservantes, corantes, amônia, benzeno e formol. Estes que estão presentes na maior parte dos produtos para tintura e alisamento dos cabelos.
O risco não é grande, mas, a partir do momento em que existe, deve ser evitado. Se a gestante deseja muito pintar os cabelos, somente deve fazê-lo com henna, a partir da 12ª semana de gestação, quando as chances de malformação do bebê diminuem. Mas, antes de aplicar qualquer produto, é melhor conversar com seu médico.
VERDADE. A sauna e os banhos quentes fazem a temperatura corporal e a transpiração aumentarem muito. Isso pode causar vasodilatação e queda brusca da pressão arterial da gestante, acarretando mal-estar, tonturas e até desmaios, o que é muito prejudicial. Por conta da vasodilatação e da consequente queda na pressão arterial, ocorre diminuição do fluxo de sangue e do aporte de oxigênio para a placenta e, consequentemente, para o bebê. Essa diminuição do fluxo de oxigênio pode fazer o bebê entrar no chamado 'sofrimento fetal'. Mas, se a temperatura da sauna ou do banho não for muito elevada, a gestante poderá usufruir dos benefícios relaxantes de ambos.
Comer bolacha de água e sal alivia o mal-estar, náuseas e a salivação em excesso na gestante
VERDADE. O sal e a bolacha podem ajudar no mal-estar do trato digestivo, assim como muitos outros alimentos frios e não gordurosos. São alimentos de fácil digestão e que tiram a sensação de estômago vazio, este que também causa mal-estar durante a gestação. É importante que a gestante experimente o que lhe faz bem e saiba escolher direito o que vai comer. Consultar um profissional em nutrição nesse período pode ajudar bastante.
FONTE: TEMPO DE MULHER
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